sexta-feira, 5 de junho de 2020

Sagui-de-tufo-preto


Callithrix penicillata


Irys Brasilino1; Isabela Viana1; Julia Alves1

1 Discentes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSP - SRQ. Trabalho desenvolvido na disciplina de Ecologia, sob orientação da docente Profa. Dra. Glória Cristina Marques Coelho Miyazawa.

Callithrix penicillata, popularmente conhecido como sagui do tufo preto, é um mamífero da ordem dos primatas. Possui tufos pré auriculares de cor preta, uma mancha branca na testa, sua nuca e ventre podem ser castanhos ou cinza claro acastanhado, dorso com coloração estriada e cauda anelada.

Foto: Paula Baldassin, 2020.

São animais de pequeno porte, pesando em média 250 gramas, e com comprimento de 17,4 centímetros. São endêmicos das regiões Nordeste e Centro Oeste, mas atualmente estão localizados em diversos estados, sendo por isso, considerada uma espécie invasora nas regiões Sudeste e Sul.

Possuem uma alimentação rica e variada, baseada em exsudato (goma, seiva, resina ou látex) produzido por algumas plantas/árvores como, pau-terra, pau-de-tucano e cedro, mas podem se alimentar também de frutos, flores ou pequenos insetos, sendo considerados exsudativoros-insetívoros.

Costumam andar em bandos, que são divididos em castas, onde apresentam um macho e uma fêmea dominante. Apresentam um maior deslocamento no período da manhã, próximo das 8h00, até aproximadamente 10h00 e no início da tarde das 13h00 às 15h00. No restante do tempo, os saguis ficam em repouso.

Passam boa parte do dia se comunicando através de vocalizações do tipo: chamado, interação, alerta e outros. Usam as vocalizações para uma comunicação direta, quando estão perto ou distantes uns dos outros; quando estão forrageando (ato de procurar o alimento) e se alimentando ou, em situações de ameaça de predadores por perto.

Foto: Instagram:medvet.daphne

A introdução destes animais em ambientes diferentes da sua distribuição original e sua interação com humanos, ocorreu principalmente por conta do tráfico ilegal destes primatas, para domesticação. Como os saguis têm um temperamento “forte”, podendo ser agressivos com outras pessoas e animais para defender seu espaço, algumas pessoas ao se depararem com estes comportamentos, acabam soltando os animais em pequenos fragmentos de florestas próximos a cidades, possibilitando a reprodução com muita facilidade. Enquanto nos ambientes naturais eles geram no máximo dois filhotes por ano, com esta mudança ambiental chegam a gerar o dobro de descendentes.

Os saguis são altamente adaptáveis em lugares com grande disponibilidade de alimento. Em seu habitat natural, os animais possuem uma quantidade de alimento menor, sendo um fator chave para o controle populacional, em que a competição por alimento limita o desenvolvimento dos indivíduos desta população e nem todos alcançam a maturação sexual, que os possibilita gerar uma prole. Este fator de controle não ocorre em regiões onde ele se tornou uma espécie invasora como no Sul, onde há abundância de alimentos para a espécie. Com esta espécie aumentando cada vez mais em regiões invasoras eles se aproximam cada vez mais dos humanos.

O contato com humanos nem sempre é algo saudável, tanto para os saguis quanto para os humanos, tendo em vista que ambos podem ameaçar a qualidade de vida um do outro, através da transmissão de doenças como a raiva, herpes, febre-amarela, varíola entre outas doenças.
         
Referências

BARIJAN, B. C. Diagnóstico populacional e comportamental de saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata) em ambiente peri-urbano. 2013. 15f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/118211>. Acesso em: 31 maio 2020.

DAVID, A. V. Padrão de atividades, ecologia alimentar e área de vida em um grupo de Callithrix penicillata (HUMBOLDT, 1812) (Primates, Callitrichidae) (sagui-de-tufos-pretos). 2005. 93f. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São José do Rio Preto, 2005.

MATIAS, J.; ALONSO, P. J. Como criar sagui. Revista Globo Rural, São Paulo, 03 de dez 2013. Disponível em: <https://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-criar/noticia/2013/12/como-criar-sagui.html> Acesso em: 31 maio 2020.

RÍMOLI, J.; PEREIRA, D. G.; VALLE, R. DEL R. Avaliação do Risco de Extinção de Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) no Brasil. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7207-mamiferos-callithrix-penicillata-sagui-de-tufos-pretos> Acesso em: 31 maio 2020.

ZALUAR, M.; RANGEL, C. Saguis – Callithrix jacchus e Callithrix penicillata: informações. Núcleo de Conservação da Fauna do JBRJ, Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2013. Disponível em: <https://projetofauna.wordpress.com/2013/08/23/saguis-callithrix-jacchus-e-callithrix-penicillata-informacoes/>  acesso em: 31/05/2020.

7 comentários:

  1. Gostei demais! Não sabia que essa convivência podia trazer riscos! Aqui perto de casa têm muitos saguis!

    Larissa Caetano Pinto Amb1

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  2. Ótimo texto! Achei muito interessante e importante que tenham abordado o problema dos saguis serem soltos em áreas que não eram nativos, podendo os tornar espécies invasoras.

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  3. Muito interessante nunca tinha visto por esse lado

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Muito interessante! Excelente trabalho.

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  6. Excepcional! Um texto altamente explicativo e enriquecedor, me fez refletir sobre os riscos que os seres humanos também albergam. Raramente temos um olhar globalizante, e esse texto elucida as possibilidades, tendo uma linguagem holística.

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  7. Nunca tinha visto por esse lado, muito bem explicativo e com argumentos interessantes, um ótimo trabalho

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