LOBO-GUARÁ
Diego Henrique
Mendes1
Gilvania A. B. dos Santos1
Italo Fazzani1
Gilvania A. B. dos Santos1
1
Discentes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSP - SRQ.
Trabalho desenvolvido na disciplina de Ecologia, sob orientação
da docente Profa. Dra. Glória Cristina Marques Coelho Miyazawa.
A fauna brasileira é rica em diversidade de
espécies. Cada um dos biomas brasileiros possui suas espécies nativas, sendo
algumas delas conhecidas por serem espécies carismáticas, consideradas
espécies-bandeiras de campanhas de conservação, amplamente divulgadas pelo
país. Dentre estas espécies encontramos o Chrysocyon brachyurus,
conhecido popularmente como lobo-guará (figura 1), que pertence à mesma família
dos cachorros, lobos e raposas, a família Canidae.
Apesar de ser da família Canidae, não
pertencem ao gênero Canis (2n=78), como lobos e cachorros ou Vulpes
(2n=36 a 2n=72), que são as raposas. O lobo-guará (2n=76) está mais
próximo do gênero latino americano Dusycion, pelos seus
marcadores genéticos (MATTOS, 2003).
Figura 1. Lobo-guará. Foto: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-pan/pan-lobo-guara/1-ciclo/pan-lobo-guara-sumario.pdf
O lobo-guará pode ser considerado um mamífero
de porte médio, possuindo cerca de 1 metro e meio de comprimento, 90
centímetros de altura e pesando entre 20 e 30 quilos. Geralmente estes
animais habitam áreas abertas como campos e matas de capoeira, suas populações
são distribuídas por diversas regiões do Brasil, sendo encontrado em 17 dos 26
estados brasileiros e também em alguns países vizinhos, como mostra a figura 2.
Porém, vale destacar, que há uma grande concentração de populações habitando o
bioma Cerrado (PAULA et al, 2013).
Figura 2. Distribuição geográfica Lobo-guará.
A ampla distribuição geográfica se deve aos seus
hábitos alimentares, os quais variam de acordo com seu habitat. Os indivíduos
desta espécie são animais onívoros e oportunistas, que podem se alimentar desde
invertebrados, como alguns artrópodes à vertebrados maiores, como
veados-campeiros. Sua dieta também pode consistir numa grande diversidade de
frutos em casos de ausência de presas (MICHALSKI; BARBOLA; LUZ, 2013).
Figura 3.
Lobo-guará com uma presa na boca.
Levando em consideração que a estrutura
populacional está intimamente associada a seu habitat, os processos que
modificam as características deste ambiente afetam diretamente uma dada
população. Assim, em virtude do cerrado ser atualmente um dos ambientes mais
afetados por ações antrópicas, impacta em uma taxa de perda de habitat considerável
que afeta as populações do lobo guará. Vale
lembrar que o cerrado é um dos maiores biomas da América do Sul, ocupando a
maior parte da região central do Brasil, sendo riquíssimo em biodiversidade (RODRIGUES,
2009).
A degradação do cerrado surtiu um grande
impacto nas populações do lobo-guará, que são classificadas como vulneráveis
com um alto risco de extinção, no Brasil. Além das pressões sofridas em seu
habitat, como queimadas e desmatamento por latifundiários, outra ação antrópica
exercida sobre estes animais, foram os constantes atropelamentos em rodovias,
os quais ajudaram a coloca-los em uma posição vulnerável. Diniz; Lazzarini e
Ângelo (1999) destacam que um dos fatores agravantes do risco de extinção se
deu pela dificuldade da conservação ex-situ destes animais, os quais são
acometidos por dificuldades de reprodução e sobrevivência dos filhotes, devido
a altas taxas de mortalidade por infecções bacterianas e virais.
Os problemas de sobrevivência dos filhotes se
agravam, se considerarmos o lobo-guará, como uma espécie monogâmica, os quais
se acasalam apenas uma vez por ano, gerando de 2 a 5 filhotes. Apesar de haver
um cuidado parental com os filhotes, a fêmea pode abandoná-los ou até matá-los
devido a perturbações ou ambientes estressantes, tornando-se um fator agravante
para projetos de conservação (SOUSA, 2000).
Figura 4. Fêmea de Lobo-guará com seu filhote.
REFERÊNCIAS
DINIZ,
Lilian Stefani Munaó; LAZZARINI, Stella Maris; ANGELO, Maria José. Problemas
médico-veterinários de Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) em cativeiro. Revista
de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v.
2, n. 2, p. 34-42, 1999. Disponível em:
Acesso em: 29 de mai. 2020.
ICMBIO, Sumário Executivo do
Plano de Ação Nacional para a Conservação do Lobo-guará. Brasília: Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2011. Disponível em:
Acesso em: 22 de mai. 2020.
MATTOS, Paulo Sergio Ribeiro de et al. Epidemiologia
e genética populacional de lobos guarás, Chrysocyon brachyurus (Illiger
1815) (Carnivora, Canidae) no nordeste do estado de São Paulo. 2003. 85 p. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) - Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 2003. Disponível em:
Acesso em: 24 de mai.
2020.
MICHALSKI, L. J.; BARBOLA, I.
F.; LUZ, P. M. Ecologia trófica do lobo-guará, Chrysocyon Brachyurus (Illiger,
1811), no Parque Estadual do Guartelá, Tibagi, PR, Brasil. Revista
Brasileira de Zoociências, v. 15, n. 1, 2, 3, 2013. Disponível em:
Acesso em 22 de mai. 2020.
PAULA, R. C. et al. Avaliação
do risco de extinção do lobo-guará Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) no
Brasil. Biodiversidade Brasileira, n. 1, p. 146-159, 2013. Disponível
em:
Acesso em 21 de mai. 2020
PAULA, R.C.; MÉDICI, P.;
MORATO, R.G. (org.) 2008. Plano de ação para a conservação do Lobo-guará:
análise de viabilidade populacional e de habitat. Brasília: IBAMA. 158p.
Disponível em:
Acesso em 21 de mai. 2020.
RODRIGUES, Manoel Ludwig da
Fontoura. Diversidade genética e estrutura populacional do lobo-guará.
2009. 42 p. Dissertação (Mestrado em Zoologia)
- Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível
em: Acesso em: 24 mai.
2020.
SOUSA,
Leandro Ruas. Chrysocyon brachyurus: ecologia e comportamento do Lobo-guará.
2000. 22p. Trabalho de Conclusão de curso (Licenciatura em Ciências Biológicas)
- Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2000. Disponível em:
Muito bom, gostei demais! Pude aprender coisas que não sabia antes!
ResponderExcluirLarissa Caetano Pinto Amb1
Muito obrigado!
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