Briófitas e Musgos, o que são e pra que servem?Uma jornada guiada pelo Polytrichum commune e outras espécies da família Polytrichaceae
Marina Cordovil de Oliveira1
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Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSP - SRQ.
Trabalho desenvolvido na disciplina de Ecologia, sob orientação da docente
Profa. Dra. Glória Cristina Marques Coelho Miyazawa.
Você
sabe o que são briófitas? Já ouviu falar em musgo? Sabe qual a diferença entre
os dois? Tem curiosidade em saber pra que servem os musgos na natureza? Vamos
passear sobre esses conceitos enquanto usamos de referência uma espécie muito
interessante, a Polytrichum commune.
As
plantas são divididas, didaticamente, em quatro grupos principais, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
angiospermas, sendo briófita o grupo que engloba as plantas mais simples, de
pequeno porte, encontradas em ambientes úmidos, que não possuem vasos
condutores, raízes complexas, flores ou frutos...mas calma, prometo que elas
também tem sua importância.
Bem, agora o que é Polytrichum commune? Polytrichum
commune é uma espécie de musgos pertencentes a família Polytrichaceae
que engloba plantas comumente chamadas de “musgão” identificadas, dentre outras
características, por sua aparência semelhante a cabelos desgrenhados (daí o
nome, polys, significando "muitos", e thrix,
significando "cabelo").
Figura 1. Musgos da família Polytrichaceae
assemelham-se a fios de cabelo. Foto: James Lindsey em Ecology of Commanster
Então toda briófita é musgo? Não
exatamente..., mas deixa que eu te explico! Basicamente todos os
musgos são briófitas, mas nem todas as briófitas são musgos! Musgos são o que nós chamamos de
briófita stricto sensu (em sentido específico) ou seja, aquelas com três partes corporais distintas nos
indivíduos adultos (rizoides, cauloides e filídios), esporófitos e outras
características macroscópicas do gametófito. A figura 2 traduz esse “biologuês”
pra você.
Figura 2. Anatomia básica de musgos (Fonte: https://descomplica.com.br/artigo/ainda-tem-duvidas-sobre-histologia-vegetal-tire-aqui-suas-duvidas-sobre-briofitas-e-pteridofitas/4LJ/).
As plantas da família Polytrichaceae
são encontradas em todos os continentes, incluindo regiões árticas e de
altitude elevada, já o Polytrichum commune pode ser encontrado
principalmente na Mata Atlântica, Cerrado e Pampa e tem a
preferência por barrancos arenosos ou argilosos com pouca ou sem vegetação, solos
levemente ácidos e frequentemente em
locais recém descobertos, agindo tanto quanto vegetação primária, ou seja,
aquela que atua como fundadora e que prepara o ambiente pra que outras espécies
consigam se estabelecer, quanto como secundária, aquela que surge após a perda
parcial ou total da vegetação primária.
Ok,
eu entendi o que são os tais dos Polytrichaceae, mas por que eles são
importantes?
Bom,
isso é fácil de responder, além de como previamente dito, oferecerem condições
pra que outras espécies se estabeleçam em áreas perturbadas e ocuparem
superfícies de difícil acesso pra outras plantas (beiras de rios e áreas
rochosas, por exemplo), as briófitas, em geral, ocupam um importante papel no
monitoramento ambiental servindo como indicadores ecológicos, tendo em vista serem
muito sensíveis a mudanças nos níveis de poluição por não possuírem raízes
complexas que filtrem poluentes. Além disso, são ótimas em evitar
desbarrancamentos, por protegerem o solo de umidade excessiva.
E
aí, curtindo um pouco mais as briófitas agora? Elas têm muita história pra
contar já que são bem antigas, datando lá da era carbonífera (entre 359 e 299
milhões de anos atrás) praticamente um registro histórico em forma de ser vivo!
Referências
CORREIA, L. C. B. Brioflora epifítica e rupícola da Mata da Câmara, São Roque
– SP. Levantamento
florístico e confecção de material didático. 2016. 47f. Trabalho de Conclusão de curso (Licenciatura em
Ciências Biológicas). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
São Paulo, São Roque, 2016.
GLIME, J. M. 2007.
Medicine. In: GLIME, J. M. Bryophyte Ecology. v. 5. Uses. Ebook
sponsored by Michigan Technological University and the International
Association of Bryologists. Disponível em: <http://www.bryoecol.mtu.edu> Acesso
em: 31 maio 2020.
PERALTA, D. F. Polytrichaceae (Polytrichales, Bryophyta)
do Brasil. 2009. 170f. Tese (Doutorado em
Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
2009.
SILVERSIDE, A. J. Biodiversity Reference: Polytrichum commune Hedw. University of Paisley, 2005. Disponível em: < http://web.archive.org/20051228200743/www-biol.paisley.ac.uk/bioref/Bryophyta/Polytrichum_commune.html> Acesso em: 02 jun. 2020.
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