Programa para a Conservação de Morcegos no Brasil
Daniel Batista1
Eduarda
Rubbo da Silva1
Erick Yuji Mawarida1
Samuel
Modesto Nunes1
Larissa Oliveira Ramalho1
1 Discentes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSP - SRQ. Trabalho desenvolvido na disciplina de Fauna, Flora e Ambiente, sob orientação da docente Profa. Dra. Glória Cristina Marques Coelho Miyazawa.
Detalhes do programa
O “programa para a conservação dos morcegos brasileiros” foi
criado em 1995, em Santa Teresa – ES, após um workshop, realizado com o apoio
do Museu de Biologia Mello Leitão, com especialistas em morcegos brasileiros.
Biodiversitas que é uma ONG dedicada à conservação da
biodiversidade brasileira, possui parceria com o PCMBR (Programa para a
conservação de morcegos no Brasil). A fundação “Biodiversitas”, entre outras
coisas, coordena – junto da “Conservação internacional” - a criação do Livro
Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
A fundação Biodiversitas possuí um programa de parcerias
corporativas para a manutenção dos projetos, do qual empresas como a Vale e o
Instituto Brasileiro de Mineração participam. Os valores doados variam entre 10
e 60 mil reais anuais. Além disso, a Biodiversitas é parceira de outras
diversas ONGs nacionais e internacionais.
Figura 1. Logotipo do PCMBrasil
Conservação
e preservação dos morcegos
A área de conservação tem se voltado para a gestão de Áreas
Importantes para a Conservação de Morcegos (AICOMs) e Locais Importantes para a
Conservação de Morcegos (SICOMs) que são as principais estratégias regionais da
RELCOM. As directrizes foram concebidas para o seu reconhecimento e os
processos de aprovação, avaliação e nomeação de AICOMs e SICOMs, que resultou
na apresentação e tratamento de um total de 80 locais (64 AICOMs, 16 SICOMs),
pertencentes a 15 programas nacionais da conservação de morcegos.
Em agosto de 2007, grupos dedicados à conservação de morcegos
no México, Guatemala, Brasil, Costa Rica e Bolívia assinaram um acordo para
trabalhar em uma rede que permite objetivos comuns de longo prazo para a
conservação de morcegos em toda a região da América Latina e Caribe, para que
os esforços que hoje se realizam não sejam isolados. Além desse tratado houve
nos dias 10 a 15 dezembro de 2009, em uma reunião na Reserva Biológica de
Tirimbina, Sarapiqui, Costa Rica, 25 especialistas em morcegos de 11 países
membros da Rede Latino-Americana para a Conservação dos Morcegos (Relcom) se
reuniram para elaborar a estratégia para a Conservação dos Morcegos
latino-americanos, assim configurando a Declaração de Sarapiqui “CONCLAMAMOS OS
GOVERNOS DA AMÉRICA LATINA A TOMAREM MEDIDAS URGENTES PARA DETER A PERDA E
REDUÇÃO DAS POPULAÇÕES DE MORGEGOS DE TODA A REGIÃO, POR MEIO DA PROTEÇÃO DOS
ABRIGOS E DOS HÁBITATS, EM RESOLVER ADEQUADAMENTE O CONFLITO ORIGINADO POR
MORCEGOS HEMATÓFAGOS E ASSEGURAR A UTILIZAÇÃO RESPONSÁVEL DE PESTICIDAS”.
Figura 2. Logotipo da RELCOM
Características
dos morcegos
Morcego é o nome popular para os
indivíduos da ordem dos Quirópteros. Esses animais são mamíferos, mas são os
únicos da classe que possuem a habilidade plena de voo. Constituem a 2ª maior
população entre os mamíferos, cerca de 20%, divididos em aproximadamente 1.411
espécies.
Possuem a maior variedade de
dietas entre ordens animais, que pode-se classificar em três grupos: Animalívoros,
Fitófagos e Onívoros. Poucas espécies se alimentam exclusivamente de uma dessas
subdivisões. Um exemplo destas são as únicas 3 espécies de morcegos-vampiros,
que podem morrer após uma única noite sem sangue.
O Brasil faz parte de uma região
biogeográfica chamada neotropical, essa região é extremamente relevante ao
tratarmos de quirópteros, pois algumas famílias só ocorrem aqui, como a
Furipteridae e Moormopidae. Assim sendo, é valido afirmar que a conservação da fauna
quiróptera as faz necessária para a manutenção de uma série de ecossistemas nos
quais os morcegos são, de alguma forma, peças fundamentais.
A
importância dos morcegos
Os quirópteros carregam um
estigma de sujos, perigosos e demoníacos enraizado em muitas sociedades,
entretanto, eles são incrivelmente úteis para os seres humanos e diversos
outros e sua perda ocasionaria em desastres irreversíveis.
Os quirópteros ainda são responsáveis pela distribuição de
sementes ao longo do voo e polinização, que fica grudado em seus pelos ao se
alimentarem de néctar. Ao se alimentar de frutas as sementes passam pelo trato
digestivo e são dispensadas nas fezes, por vezes até “ativando” sua germinação
e garantindo os nutrientes necessários ao desenvolvimento de frutas como o
maracujá-da-restinga e o pequi. Por fim, os únicos responsáveis pela germinação
da agave-azul (ingrediente-chave na produção de tequila) são os indivíduos da
espécie Leptonycteris nivalis.
Além disso, morcegos insetívoros são responsáveis pelo
consumo de toneladas de insetos por noite; esses que capazes de transmitir
doenças de gado e até moscas que são maléficas ao homem. Um estudo realizado em
vinícolas do Chile e publicada na Elsevier B.V. realizou que a utilização de
morcegos comedores de insetos se provou 7% mais eficiente do que a aplicação de
pesticidas, além da fertilização natural e a economia de US$188-$248 por
hectare ao ano.
Figura 4. Morcego coberto de pólen colaborando na
polinização
Impactos do programa
Como a missão do programa é
desmistificar, por meio de dados científicos, as falsas crenças que fazem com
que esses animais sejam associados ao mal, e vistos sempre como prejudiciais ao
ser humano. Seu impacto é direto na sociedade, já que através dele conscientiza
a população sobre os morcegos e sua importância.
Informações como a ajuda dos
morcegos na polinização das plantas chegam até a população através da
divulgação científica feita por esse e outros programas relacionados aos
morcegos, assim conseguem conscientizar a população e mudar o pensamento que esses
animais são maléficos. O programa ainda ajuda diretamente no controle da
população desses indivíduos, já que nas publicações do programa em suas redes
sociais é visto que cuidam de indivíduos necessitados.
Recentemente os morcegos
começaram a ser mortos por medo do COVID-19 no Peru, pois os moradores
acreditariam que eles seriam responsáveis pela transmissão do vírus. Percebe-se
como a falta de um programa de conservação de morcegos e o acesso à informação
trazem malefícios para os animais, por isso além desses programas ganharem mais
reconhecimento, deve-se democratizar melhor o acesso ás informações para a
população;
Quirópteros ameaçados
de extinção no brasil
Os morcegos são o segundo grupo de mamíferos com maior
número de espécies, e ainda assim, correm risco de extinção. Em partes, esse
problema se dá ao fato de que a maioria das pessoas tem uma visão equivocada,
misticismo e pouco conhecimento sobre os benefícios dessa espécie, e acabam os
matando.
No Brasil, há 177 espécies de morcego, cinco constavam
na atual lista de espécies ameaçadas, na categoria vulnerável (VU):
• Morceguinho-do-cerrado (Lonchophilla dekeyseri)
• Morcego (Lonchophilla bokermanni)
• Morcego-de-linha-branca (Platyrrhinus recifinus)
• Morcego (Lasiurus ebenus)
• Morcego-borboleta-avermelhado (Myotis ruber)
Figura 5. Espécies de morcegos ameaçados na
categoria vulnerável
Referências
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